Regulamentai-vos ou… vos regulamentaremos!
Os psicanalistas recebem, ou antes, não deixam de não receber, esta injunção que assim lhes chega desde os núcleos de poder da sociedade em que vivem e trabalham. Não que não acusem recibo, acusam. Igual a Dora, quando acreditava que o imbroglio familiar em que estava presa não tinha em nada o dedinho dela. Ela padecia apenas, antes em silêncio, agora ruidosamente, as manipulações e armações dos adultos do seu mundo familiar. Como ela, os psicanalistas sujeitos a regulamentação (assim como se diz “sujeito a guincho”) não reconhecem, na carta que pretendem devolver ao remetente, a mesma que postaram, ou, melhor, que fizeram o outro postar para eles (“Vou sentar e escrever uma carta para mim”, canta Fats Waller). Claro que os deputados evangélicos oportunistas, os médicos interessados em não perder uma fatia do mercado ou os inescrupulosos donos de universidades tem as suas proprias agendas, mas aqui me interessam na sua função de mensageiros de uma notícia que preferimos ignorar.