A novidade, para a qual Freud começa a preparar o leitor, é que o coletivo e o individual obedecem à mesma estrutura e respondem às mesmas leis. A diferença está em que as forças do desejo que permancem “sob controle” (reprimidas e recalcadas) no indivíduo resultam desencadeadas no grupo. Como se para cada um dos participantes não fosse mais necessário cuidar das regras da polidez e decência, já que a multidão é sem lei. O olho do preceptor não me enxerga no meio da multidão, e o meu cuidador interior pode permitir-se também relaxar a sua vigilância: “Serei eu o único a ficar de fora?” Sim, mas a multidão não tem leis próprias, como a água, que não se comporta do mesmo modo quando se trata de uma piscina ou de um mar em fúria? Em outras palavras, a partir de um certo número (qual?) de pessoas reunidas, elas não passam a se comportar de acordo com outras leis que não as que vigem para cada uma delas separadamente? Precisamente, não. A ideia é que o comportamento da turba revela os componentes do psiquismo individual. Como se a verdade deste, que permanece oculta em situações cotidianas, viesse à tona na massa.
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PARABÉNS