Crítica de Geraldino Alves Ferreira Netto a uma suposta “Clínica do real”

Esta é uma resenha de Geraldino Alves Ferreira Netto do livro de Forbes “Clínica do real”. Embora eu tenha certas ressalvas (que serão explicitadas em outro post) relativas ao ângulo da abordagem do Geraldino, acho esta crítica tão oportuna e tão necessária que decidi publicá-la aqui para abrir um debate que já não era sem tempo

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CARTA ABERTA (o significante como semblante)

Durante os anos de 2012 e 2013 participei de um trabalho de cartel entre amigos (queijo e vinho e leitura do seminário De um discurso que não fosse semblante como pretexto para nos reunirmos). Eramos Dominique Fingerman, Leda Bernardino, Christian Dunker e eu, mais (uma) Angela Vorcaro. Esta é uma carta que mandei para eles como contribuição para uma reunião à qual não pude comparecer…

(quem quiser ler pode clicar no quadro)

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Stairway to Heaven

 

conto mallarmargens

 

http://www.mallarmargens.com/2013/06/conto-de-ricardo-goldemberg.html

Stairway to heaven

Para Robson e Lúcia

 

 

 

Sou o último da linhagem dos ”contadores de degraus”. Meu pai, pouco antes de morrer, e ainda em perfeita saúde, tinha decidido nunca mais subir uma escada em sua vida. Não por cansaço ou preguiça, mas numa derradeira tentativa de contrariar, antes do fim, a sina da nossa família. No caso de faltar força no prédio em que eu moro, voltaria para sua casa ou iria dormir num hotel, mas não encararia os 140 degraus que levam do térreo até meu apartamento do sétimo andar. Eu, como ele, também estou condenado a contar e recontar os degraus tanto ao subir como ao descer, todas as vezes que o fizer. Já minhas irmãs nasceram livres de visitar as pirâmides de Tenochtitlán, por exemplo, sem precisar saber que escalaram mil trezentos e sessenta e sete degraus, como eu sei. (mais…)

Um acorde e 4000 buracos

Considerações prévias (no espírito de Lucy no céu com diamantes).

Ninguém queria saber, embora todo mundo soubesse, que a Lonely Heart’s Club Band tinha vindo enterrar os Beatles. O fato de os quatro estarem presentes no funeral, bem al lado da coroa de flores vermelhas com o nome da banda, não mudava nada quanto ao essencial. Digo, quanto ao fato de tratar-se de um enterro. E que o militar tenha sido uma figura um tanto obscura –pouco se sabe sobre ele, e nada sobrou da sua passagem por este mundo, a não ser um retrato pintado a mão e a caricatura com a qubeatles-psicanalise-arte_ricardogoldenbergal foi satirizada a Banda dos CoraçõesSolitários na guerra contra os Blue Meanies. Em todo caso, supõe-se que tenha sido um militar de baixa patente do Exêrcito de Sua Majestade, o que não deixa de ser irônico, já que os Fab Four não apenas nunca esconderam um certo bairrismo “liddipoolense” contra a empáfia britânica, como John tinha devolvido à rainha a comenda recebida por serviços prestados à Coroa (Most Excellent Order of the British Empire), precisamente como protesto contra a participação militar da inglaterra em Biafra e o apoio aos EEUU em Vietnã. Fala-se, ainda, de uma séria rusga, intermediada por Ringo Starr, entre Lennon e James Bond, que se tornara um orgulhoso cavaleiro do império, mais ou menos na mesma época (honraria que Ian Flemming, seu Watson assumido, morreu desejando).

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