Assim é se lhe parece

Uma vez, durante um daqueles jantares denominados “de confraternização” eu exprimi minha opinião de que proibir os símbolos era uma medida inútil e até contraproducente no combate à causa que o símbolo representa. Eu acredito que se a conversa fosse sobre brasões em geral a questão nem teria sido levantada, porém era da suástica que se falava e do uso que dela fazem nossos periféricos punks.

Do meu lado estava sentada uma senhora que se ergueu como pôde na sua cadeira para me apostrofar. “Se você fosse meu filho,” ela disse, mais para o resto da mesa do que para mim, “eu te esbofeteava! Um judeu de pai e mãe, como você,” continuou, “não tem o direito de ser pragmático!  Deixa isso para ela”, concluiu, indicando outra comensal, cujo sobrenome português delatava a cristã nova.

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A consciência negra do politicamente correto

No passado dia 24, uma coluna no jornal Folha de S.P., assinada por Fernando de Barros e Silva, tecia uma série de considerações a propósito de uma menina de cinco anos, provavelmente a sua filha, ter se referido ao dia da Consciência Negra como “Dia dos Morenos”. Esta pérola foi usada apenas para somar mais um exemplo ao que aquele jornal denomina, com feliz expressão, de “racismo cordial dos brasileiros”. Com o intuito de contribuir para que não se perca na paralisia do pensamento crítico provocada pelo vírus contraído nos Estados Unidos denominado “correção política”, proponho ao jornalista uma outra leitura do comentário da garotinha que, “na inocência do seu eufemismo involuntário, que provavelmente ouviu de alguém (inocente?), toca o nervo da questão racial no Brasil”. (mais…)