Psicologia das massas e análise do eu, Solidão e multidão.

Psicologia-das-massas-Freud1A novidade, para a qual Freud começa a preparar o leitor, é que o coletivo e o individual obedecem à mesma estrutura e respondem às mesmas leis. A diferença está em que as forças do desejo que permancem “sob controle” (reprimidas e recalcadas) no indivíduo resultam desencadeadas no grupo. Como se para cada um dos participantes não fosse mais necessário cuidar das regras da polidez e decência, já que a multidão é sem lei. O olho do preceptor não me enxerga no meio da multidão, e o meu cuidador interior pode permitir-se também relaxar a sua vigilância: “Serei eu o único a ficar de fora?” Sim, mas a multidão não tem leis próprias, como a água, que não se comporta do mesmo modo quando se trata de uma piscina ou de um mar em fúria? Em outras palavras, a partir de um certo número (qual?) de pessoas reunidas, elas não passam a se comportar de acordo com outras leis que não as que vigem para cada uma delas separadamente? Precisamente, não. A ideia é que o comportamento da turba revela os componentes do psiquismo individual. Como se a verdade deste, que permanece oculta em situações cotidianas, viesse à tona na massa.

PSICOLOGIA DAS MASSAS E ANÁLISE DO EU: SOLIDÃO E MULTIDÃO

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LANÇAMENTO:

Os fenômenos de massa são o grande tema debatido neste livro, bem como a sua relação com tudo o que sentimos e pensamos quando os outros “não estão olhando”: a inveja doída daquele que sempre tem algo que nos falta e o ódio ao diferente.

Goldenberg, apoiado nas teses de Gustave Le Bon analisadas por Freud em Psicanálise das massas e análise do eu, estende suas reflexões para as relações típicas do homem contemporâneo. Para isso, utiliza o grande mediador dos discursos da atualidade: a cultura de massas. Em seu protesto veemente contra a onipresença do “politicamente correto”, o autor não poupa referências à música pop, à literatura, aos filmes, às séries de TV e até mesmo os comerciais. (do prefácio da Nina Saroldi)

Ricardo Goldenberg é psicanalista, doutor em comunicação e semiótica pela PUC-SP e membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA). Argentino, radicado no Brasil, é autor de No círculo cínico ou caro Lacan, por que negar a psicanálise aos canalhas, Política e psicanálise e Do amor louco e outros amores. Participou de mais várias coletâneas e atualmente escreve para diversas revistas especializadas, aqui e no exterior.